|
fotografia: filipe sousa | 26 junho 2022 |
Para completar a trilogia de «lugares de passagem» da última semana, iniciada em Bérgamo e prosseguida em Sófia, falta falar de Memmingen, no sul da Alemanha. Uma aprazível cidade de 40 mil habitantes, rodeada de árvores, com um centro histórico antigo e bem cuidado e belos exemplares de arquitectura bávara ao longo de uma rede de canais, eis o que me esperava.
De acordo com o mapa disponível à saída do avião!, pode optar-se pelo circuito monumental, a vermelho, ou pelo périplo que cruza jardins e florestas, a verde, ou então por ambas as propostas, como acabei por decidir. Numa primeira impressão, árvores e flores estão por todo o lado, veneradas como divindades, assim como esplanadas onde convivem residentes com os de fora.
A bicicleta, a que os locais prestam também culto, substitui o carro em pequenas e grandes deslocações. Há modelos para todos os gostos e com soluções criativas para distribuir a bagagem mais volumosa sem comprometer o desempenho.
Uma sociedade que preza a biodiversidade e modos suaves de transporte como a bicicleta não precisa de dizer muito mais sobre a sua visão do mundo e os valores que perfilha.
Ao fim-de-semana, quando não estão na esplanada ou a andar de bicicleta, os alemães de Memmingen namoram nos jardins ou apanham sol nos seus quintais biológicos, rodeados ainda e sempre de flores e insectos. O sol e a vida sorriem-lhes. E eles têm todas as razões para sorrir também.
Na hora de ir às compras, os preços são inferiores aos praticados em Portugal, embora eles ganhem o triplo de nós! Até os testes rápidos de antigénio para COVID-19 são gratuitos para os habitantes. E querem ver que para os forasteiros também?!: basta que indiquem o nome do hotel onde pernoitaram. É simples. Sem filas, sem incómodos, sem reclamações, sem gritarias. Aliás, o silêncio é uma constante desta cidade, apenas interrompido pelas gargalhadas vindas das esplanadas ou pelo crucitar dos corvos, que aqui substituem os pombos.
Se isto não é felicidade e qualidade de vida, deve andar lá perto.