fotografia: filipe sousa | 25 junho 2016 |
«No dia em que uma estátua é acabada, começa, de certo modo, a sua vida. Fechou-se a primeira fase, em que, pela mão do escultor, ela passou de bloco a forma humana; numa outra fase, ao correr dos séculos, irão alternar-se a adoração, a admiração, o amor, o desprezo ou a indiferença, em graus sucessivos de erosão e desgaste, até chegar, pouco a pouco, ao estado de mineral informe a que o seu escultor a tinha arrancado.
(...)
Elas passaram por essa decomposição sem agonia, por essa perda sem morte, essa sobrevivência sem ressurreição que é a da matéria entregue às suas próprias leis.»
Marguerite Yourcenar, O Tempo, esse grande escultor (Le Temps, ce grand sculpteur, 1954, 1982), trad. Helena Vaz da Silva, Relógio D'Água Editores, Lisboa, 2020, pp. 55, 59.