fotografia: filipe sousa | 24 dezembro 2022 |
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Peixe tão definido
na praia,
não relâmpago de prata:
folha de navalha
tirada da pança do mar,
do recesso que a alimentava,
lâmina boquiaberta,
áscua tresmalhada.
Peixe sem solução,
máquina a parar,
circular e vítrea aflição
a olhar.
Alexandre O'Neill, Poesias Completas (Feira Cabisbaixa, 1965), 3ª ed., Assírio & Alvim, Lisboa, 2002, p. 237.