Hei-de levar este esplendor para um poema, dizia eu, sempre que me estendia à sombra branca e miúda de uma oliveira. Mas fosse onde fosse, em terras de Corfu ou de Maiorca, nos campos de Siena ou no chão da minha infância, sempre adormeci sobre o desejo.
Hoje, que a violência do estio me levou a escarvar a própria pedra, queria apenas uma dessas árvores de bruma, por mais exígua, e adormecer à sua sombra.
Eugénio de Andrade, «Memória Doutro Rio» (1976-1977), in Poesia e Prosa (1940-1980), 2ª ed., Limiar, Porto, s.d., pp. 252-253.
fotografia: filipe sousa | 1 agosto 2018 |
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