Marseille / Marselha, Rue Baussenque 34

fotografia: filipe sousa | 18 outubro 2019



























«(...) Sigui bu sol / El kê bo farol / Odju na altura / Swingui na cintura / Pé na tchon, carapinha na céu / Coração leve, pulsa na sabura d'aventura / Vida é um rio ki ta desliza ti Sol / Sigui bu Sol».

Sara Tavares, «Ponto de Luz» in Xinti, 2009.

Siena, Via Porta Giustizia

fotografia: filipe sousa | 8 julho 2009






























«A Itália devia ser (perdoe-se-me o exagero, se não tenho companheiros nele) o prémio de termos vindo a este mundo. Uma divindade qualquer, realmente encarregada de distribuir justiça, e não as penas, sabedora de artes, deveria murmurar ao ouvido de cada um de nós, ao menos uma vez na vida: «Nasceste? Pois vais a Itália.» Assim como quem se dirige a Meca ou lugares menos contestados para garantir a salvação da alma.»

José Saramago, Manual de Pintura e Caligrafia - Ensaio de romance, 1ª edição, Moraes Editores, Lisboa, 1976, p. 125.

Castelo de Vide, Rua de Santo Amaro 17

fotografia: filipe sousa | 4 dezembro 2019







































«Fernando Salgueiro Maia comanda o 3º Grupo de Instrução e o 1º Esquadrão da Escola Prática de Santarém (EPC). Leva 10 anos de serviço, com uma comissão em Moçambique, outra na Guiné.
Alguém o procurou há dois dias num conhecido café, conforme combinado. A ordem de operações é-lhe passada no recato do seu próprio carro, que tem vindo a ser seguido por uma viatura que ele presume transportar agentes ou informadores da polícia política. Sem trair qualquer nervosismo, cria no quartel todas as condições para que o municiamento das viaturas fique pronto para a uma hora da madrugada do dia 25. Só põe ao corrente do que se vai passar os oficiais do quadro permanente aderentes ao Movimento, seis oficiais milicianos e três furriéis. Quando se ouve, pelas 24h21m, no programa «Limite», da Rádio Renascença, a segunda senha da operação (os primeiros versos de «Grândola Vila Morena», ditos por Leite de Vasconcelos, seguidos pelo início da canção interpretada por Zeca Afonso) o major Rui Costa Ferreira e os capitães Garcia Correia, Bernardo e Aguiar - envolvidos na conspiração - tentam aliciar o 2º comandante da Unidade. Em vão. Pela uma e meia é dada ordem para acordar todo o pessoal, que é chamado a uma sala para ouvir Salgueiro Maia.
«Meus senhores: como vocês devem saber, há várias modalidades de o Estado se organizar. Há os Estados socialistas, os Estados capitalistas, e há o estado a que nós chegámos. De maneira que quem quiser vir comigo, vamos para Lisboa, e vamos acabar com isto. (...) Quem for voluntário, sai e forma. Quem não quiser sair, fica aqui.»
«A quase totalidade quer marchar sobre Lisboa», escreverá o capitão, mais tarde, no Relatório da acção, a que os estrategos põem o nome inequívoco de «Fim Regime».»

Adelino Gomes (texto) e Alfredo Cunha (fotografias), O dia 25 de Abril de 1974 - 76 fotografias e um retrato, Contexto editora, Lisboa, 1999, pp. 11-12.

Vaticano, Piazza San Pietro

fotografia: filipe sousa | 26 junho 2015






























«...descemos e pedimos para nos abrirem as portas que dão para as cornijas da cúpula, do tambor e da nave; pode andar-se à volta delas e admirar estas partes e a própria igreja lá de cima. Quando estávamos na cornija do tambor, vimos passar o Papa lá em baixo, para fazer as suas preces vespertinas. Vimos, pois, tudo o que havia a ver na Igreja de S. Pedro.»  

J.W.Goethe, Viagem a Itália (Italienische Reise, 1786-1787), trad. João Barrento, Relógio d'Água Editores, Lisboa, 2001, pp. 173-174.

Almagro, Plaza Mayor

fotografia: filipe sousa | 12 março 2020



























«Nessa noite paramos em Almagro, uma daquelas maravilhas espanholas das quais os visitantes de Benidorm nunca ouviram falar, tranquila, branca, misteriosa, uma recordação de grandeza desaparecida. Aqui a Plaza Mayor é rectangular, uma grande sala de estar com varandas envidraçadas a fazer de paredes. Aqui os Fugger, os banqueiros suábios de Carlos V com ligações comerciais em todos os cantos do império mundial espanhol, construíram o seu palácio renascentista.»

Cees Nooteboom, O (Des)Caminho para Santiago(De Omweg Naar Santiago, 1992), trad. Patrícia Couto e Arie Pos, Asa Editores, Porto, 2003, p. 103.

Barcelona, Passeig de Gràcia 92

fotografia: filipe sousa | 25 junho 2017






























«Que faço eu aqui?
                                     Carta de Rimbaud, na Etiópia, à família.»

Bruce Chatwin, O Canto Nómada (The Songlines, 1987), Livros Quetzal, Lisboa, 1995, p. 205.

Moura, Rua 5 de Outubro 15 A

fotografia: filipe sousa | 30 abril 2016

«139-136 Quando algumas vezes me pus a considerar as diversas agitações dos homens e os perigos e os trabalhos a que eles se expõem na corte e na guerra, donde nascem tantas querelas, paixões, empreendimentos ousados e com frequência maléficos, descobri que toda a infelicidade dos homens tem por única origem não saberem ficar sossegadamente
nos seus aposentos.»

Blaise Pascal, Pensamentos (Pensées, 1669), Publicações Europa-América, Mem Martins, 1978, p. 139.