fotografia: filipe sousa | 20 junho 2021 |
O VERÃO
Afaga o ardor
da palha
antes da manhã.
Prepara a semente
do sol.
Respira devagar,
grão a grão,
o azul,
o frio,
implacável,
azul do verão.
Arranca à terra escura
o difícil silêncio
sem lágrimas nem figura:
não tens outra flor,
não tens outro irmão.
Eugénio de Andrade, «Obscuro Domínio» (1970-1971), in Poesia e Prosa (1940-1980), 2ª ed., Limiar, Porto, s.d., p. 185.
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