Odres

fotografia: filipe sousa | 13 julho 2021
















«Também as ordens e as arcadas se juntam num tipo de edifícios que já mencionámos como caracteristicamente romano: as termas. Com um plano simétrico e calor graduado (uma piscina - natatio ou frigidarium, banhos mornos - tepidarium; e quentes - caldarium) local para as pessoas se despirem (apodyterium) e para fazerem exercícios (palaestra), salas de massagens, restaurantes, bibliotecas, salas para leituras públicas, solários, lojas, exterior com parques, estes edifícios monumentais e polivalentes atraíam multidões ruidosas1 e eram objecto de ostentação, logo, de publicidade, dos seus patronos. Assim, não admira que os imperadores se tenham empenhado em tais construções. Nero, Trajano, Caracala, Diocleciano o fizeram2. Na Roma imperial, é aí que decorre grande parte da vida social da cidade.»

1 Sobre a agitação de umas termas, é muito elucidativa a Carta 56 do Livro VI das Cartas a Lucílio, de Séneca, que quis provar, morando acima de um desses estabelecimentos, que o sábio pode recolher-se, sempre que queira, na sua meditação. O filósofo fala do ruído ensurdecedor proveniente de um sem número de actividades que se processavam no local: desde a queda dos banhistas nas águas da piscina aos atletas que gemiam sob os pesos que levantavam, aos jogos de bola, ao depilador, ao pregão do vendedor de bebidas, de salsichas e de outros alimentos.

2 As mais antigas de que há notícia foram erigidas por Agripa, mas já no seu tempo atingiram a cifra de cento e setenta. De modelo principal serviram as de Trajano. as mais bem conservadas são as de Caracala e as de Diocleciano (nestas últimas está hoje instalado o Museo delle Terme).

Maria Helena da Rocha Pereira, Estudos de História da Cultura Clássica, II volume - Cultura Romana, 1ª ed., Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1984, pp. 444-445.  

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