Serra de S. Mamede

fotografia: filipe sousa | 15 julho 2021

 

























Com 1025 metros acima do nível do mar, a serra de S. Mamede granjeia os títulos de Everest do Alentejo e tecto do Sul de Portugal. Ontem, foi dia de subir ao cume.

«A Serra de S. Mamede é, ao Sul do Tejo, o relevo mais alto a destacar-se nos vastos peneplanos e planícies do Alentejo. A sua direcção NO.-SE. contrasta  com a do maior número das formações montanhosas que se encontram  na metade setentrional do nosso território. É, no seu conjunto, a continuação das serras espanholas que pertencem ao sistema toledano. Entre a parte O. da massa orográfica espanhola e a de S. Mamede um vale marca uma divisória entre os dois países contíguos, embora a fronteira não siga exactamente essa feição natural.
Distingue-se esta serra pelo seu carácter peneplano, sem arestas agudas de lombada facilmente transitável, revelando uma longa acção demolidora dos agentes externos.
Do seu vértice, a 1025 m., a vista alcança uma enorme superfície, e em dias muito claros o horizonte alarga-se consideravelmente até ao mar, permitindo reconhecer os sucessivos degraus de que se compõe o sul do Tejo.
A paisagem que se observa do alto é diferente conforme nos voltamos a leste, oeste ou norte. Do lado de Espanha mostram-se  pequenos relevos descarnados, simétricos e piramidais, com afloramentos rochosos cuja silhueta se esbate à medida que se afastam da fronteira; a O. desenrola-se a vasta planura alentejana, semeada aqui e além de relevos-testemunhas; e ao N., para lá do Tejo, descortina-se um arco de montanhas em semicírculo, que se desdobra desde a serra da Penha Garcia, pela Gardunha e a Estrela, até à de Muradal-Nisa, que se interrompe bruscamente para reaparecer na serra de Portalegre. Quando a atmosfera está sem bruma, vê-se distintamente uma grande parte do plano inclinado do distrito de Castelo Branco  que vem morrer  ao Tejo fronteiriço, onde se lançam as ribeiras do  Elges, Aravil e Pônsul.»

Silva Teles, "À Serra de S. Mamede" in Guia de Portugal, vol. II - Estremadura, Alentejo, Algarve, 2ª reimpressão, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1991, pp. 425-426. 

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