Firenze / Florença

fotografia: filipe sousa | 11 maio 2024
















«Florença tem o tamanho exato das cidades para sempre amadas: tudo se pode conhecer num dia; e todos os dias haverá, dentro dela, coisas para ver - até o fim do mundo, que é mais do que o fim da vida.»

Cecília Meireles, «Voz em Florença» in Crônicas de viagem 2 (1953), reimpr. Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1999, p. 76.


«Florença por dois dias, duas semanas, dois meses? Florença pelo tempo de um suspiro? Mas esta cidade é vasta como um continente, inesgotável como o universo.»

José Saramago, Manual de Pintura e Caligrafia - Ensaio de romance, 1ª edição, Moraes Editores, Lisboa, p. 183.

Firenze / Florença, Oltrarno, San Miniato al Monte

fotografia: filipe sousa | 11 maio 2024























«As oliveiras são plantas estranhas; parecem-se com salgueiros, também ficam ocas, a casca estala e salta. Mas têm um aspecto mais sólido. Vê-se que a madeira cresce lentamente e a sua estrutura é extremamente fina. A folha é do tipo da do salgueiro, mas com menos folhas por ramo. Nos montes à volta de Florença só se vêem oliveiras e vinhas, e entre elas ocupa-se a terra com cereais.»

J.W.Goethe, Viagem a Itália (Italienische Reise, 1786-1787), trad. João Barrento, Relógio d'Água Editores, Lisboa, pp. 140-141.

Firenze / Florença, via Dante Alighieri

fotografia: filipe sousa | 11 maio 2024

 






















«Fiorenza dentro dalla cerchia antica,
onde ella togle ancora a terza e nona,
si stava in pace sobria e pudica.»

«Florença dentro lá da cerca antiga 
aonde a terça e a nona inda ressoa, 
pudica e sóbria estava em paz amiga.»

Dante Alighieri, A Divina Comédia (La Divina Commedia, sec. XIV)Parte III - Paraíso, Canto XV, versos 97-99trad. Vasco Graça Moura, 6ª ed, Bertrand Editora, Chiado, 2002, p. 275. 

Firenze / Florença, Piazza Santa Croce

fotografia: filipe sousa | 11 maio 2024

 


















«Tinha atingido aquele ponto emocional em que as sensações celestiais das belas-artes e os sentimentos apaixonados se encontram. Ao sair de Santa Croce, o meu coração batia forte, a vida esvaziava-se de mim e eu caminhava com medo de cair.» (tradução livre).
Stendhal, Rome, Naples et Florence (1817), éd. Delaunay, Paris,1826, tome II, p. 102.

Rimini

fotografia: filipe sousa | 8 maio 2024


 
















«…nasci em Itália, em Rimini, a 15 de Junho de 1927.

- Porque nasceu em Rimini?

-Porque os meus pais se encontravam lá a banhos, em casa da minha tia Eglantine, irmã de meu pai. Ela casara com um jockey célebre, originário de Urbino. Nasci perto da praia de Lido di Ravenna – entre Ravena e Rimini -, num casebre, não na praia propriamente dita.

-Não há nesse casebre uma placa que assinale o seu nascimento?

-Ouça lá, eu não sou Garibalbi – a mulher dele, Anita, morreu bem perto desse local. Dez dias depois os meus pais regressaram comigo a Veneza.»

Hugo Pratt, O Desejo de Ser Inútil, Memórias e Reflexões (Le Désir D'Être Inutile - Souvenirs et Refléxions, 1991), trad. António Sabler, Relógio d'Água Editores, Lisboa, 2005, pp. 17, 21.
 

«Em direcção a Rimini, Agosto
(…)
Agora começam as praias da minha infância e da minha adolescência: já não se trata de descobertas, mas de constatações.
A Riccione ia veranear quando estava no secundário. Chego: não reconheço quase nada. A nouvelle vague dos banhistas e dos industriais conferiu à praia uma nova violência, um novo sentido no qual triunfam os jovens de hoje, que de novo tudo sabem.
A alameda central, com as duas filas de árvores muito verdes, a sua angústia proto-novecentista, os seus bares cheios como exércitos em formatura, continua mais ou menos igual, Sento-me a uma mesa e, após tantos anos sem o fazer, como um gelado.
Antes, quando com uma alegria interior, comia um gelado todos os dias, tudo aqui era mais absoluto e mais eterno. Os dias eram longuíssimos, eram entidades dotadas de verdadeiro valor e verdadeira duração: o período de férias era um período de vida.»

Pier Paolo Pasolini, A longa Estrada de Areia (La Lunga Strada di Sabbia, 1959), trad. João Coles, Edições do Saguão, Lisboa, 2023, p. 82.

Bologna / Bolonha, Piazza di Porta Ravegnana

fotografia: filipe sousa | 7 maio 2024

 























«Tal como se afigura a Garisenda,
quando passa uma nuvem, inclinada,
de modo tal que ao seu encontro penda, (...)»

Dante Alighieri, A Divina Comédia (La Divina Commedia, sec. XIV)Parte I - Inferno, Canto XXXI, verso 136trad. Vasco Graça Moura, 6ª ed, Bertrand Editora, Chiado, 2002, p. 283. 

«A torre inclinada é uma vista detestável, e no entanto é muito provável que se tenham esmerado por construí-la assim. Encontro a seguinte explicação para este disparate: nos tempos da grande instabilidade urbana todo o grande edifício era uma fortaleza, na qual as famílias poderosas erguiam uma torre. Com o tempo, isto transformou-se numa questão de capricho e prestígio, cada uma queria mostrar a melhor torre, e quando as torres direitas começaram a ficar cada vez mais corriqueiras, alguém mandou construir uma inclinada. E o arquitecto e o proprietário conseguiram o que queriam, porque as pessoas passam pelas muitas torres direitas à procura da inclinada. Subi depois ao cimo desta. As camadas de tijolo são horizontais. Com uma boa massa e esteios de ferro podem fazer-se coisas espantosas.» 

J.W.Goethe, Viagem a Itália (Italienische Reise, 1786-1787), trad. João Barrento, Relógio d'Água Editores, Lisboa, p. 129.

Bologna / Bolonha, Piazza Cavour

fotografia: filipe sousa | 7 maio 2024

 




































«Ao cair do dia livrei-me finalmente desta velha, digna e sábia cidade, das multidões que passeiam, protegidas do sol e do mau tempo por caramanchões abobadados que estenderam por quase todas as ruas, por onde vão olhando, fazendo compras e os seus negócios.»

J.W.Goethe, Viagem a Itália (Italienische Reise, 1786-1787), trad. João Barrento, Relógio d'Água Editores, Lisboa, p. 128.