fotografia: filipe sousa | 14 junho 2024 |
«(...)
FAUSTO
Abrir o arquitexto é uma tentação,
Para, com sentir puro e leal,
Verter o sagrado original
No meu tão amado idioma alemão.
Abre um volume e prepara-se para o trabalho.
«Ao princípio era o Verbo!», é o que está escrito.
Quem me ajuda? Logo aqui hesito!
Tanto não vale o verbo. Não,
Outra vai ter de ser a tradução,
Se bem me inspira o Espírito. Atento
Esta linha tem de ser bem pensada,
Para que a pena não corra apressada!
É o Pensamento que tudo mova e cria?
Certo é: «Ao princípio era a Energia!»
Mas agora que esta versão escrevi,
Algo me avisa já para não parar aí.
Vale-me o Espírito, já vejo a solução,
E escrevo, confiante: «Ao princípio era a Acção!»»
Johann W. Goethe, Fausto (Faust, Eine Tragödie, 1808, 1832), trad. João Barrento, Relógio d'Água Editores, Lisboa, p. 84, vv. 1220-1237.
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