Eis como o verão
chega de súbito,
com seus potros fulvos,
seus dentes miúdos,
seus múltiplos, longos
corredores de cal,
as paredes nuas,
a luz de metal,
seu dardo mais puro
cravado na terra,
cobras que despertam
no silêncio duro -
eis como o verão
entra no poema.
Eugénio de Andrade, «Ostinato Rigore» (1963-1965), in Poesia e Prosa (1940-1980), 2ª ed., Limiar, Porto, s.d., p. 115.
fotografia: filipe sousa | 25 julho 2017 |
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