Ilhéu de Vila Franca do Campo

«Eram seis quilómetros, que se faziam bem a pé, a toda a volta desta nossa ilha, começando lá no alto, por entre o tojo e os abrunheiros, de onde se viam as rochas escarpadas no mar circundante, e descendo para as pequenas clareiras ponteadas de prímulas. Indo a direito, atravessava-se duas colinasitas, continuava-se ao comprimento da ilha pelos campos rochosos, onde as vacas ruminavam deitadas, prosseguia-se por entre a aveia escassa, até chegar, outra vez, ao tojo; e, depois, descia-se até à beira das escarpas mais baixas - não eram precisos mais do que vinte minutos. E, ao chegar à beira, via-se em frente outra ilha maior. Mas, no meio, havia o mar.  E, quando se voltava para trás pela turfa onde baloiçavam primaveras baixinhas, próximas da terra, via-se, para leste, outra ilha - essa minúscula, como se fosse o vitelo da vaca. A ilha minúscula pertencia, também, ao nosso ilhéu.
Assim, parece que até as ilhas gostam da companhia umas das outras.» 

D.H.Lawrence, «O homem que amava ilhas» («The man who loved islands», 1928) in Amor no feno e outros contos (Love among the haystacks and other stories, 1930), trad. Maria Teresa Guerreiro, Assírio & Alvim, Lisboa, 1988, pp. 101-102.

fotografia: filipe sousa | 24 julho 2016





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