fotografia: filipe sousa | 19 setembro 2020 |
«A dissimetria entre as duas encostas da ilha comanda também
a organização da rega. Para regar a encosta sul vai-se buscar água à encosta
norte, que recebe precipitações mais abundantes e cujo solo está menos ocupado
pelo homem. (…) Não há barragens nem albufeiras de qualquer espécie. As nascentes
são colectadas frequentemente a altitudes consideráveis (1600 metros nas
montanhas ocidentais, 1500 no planalto do Paúl da Serra): um rego onde circula
um pequeno fio de água incorpora progressivamente outras nascentes que aumentam
o seu caudal. (…) Certas levadas destinam-se a regar terrenos da encosta
setentrional da ilha. Outras, geralmente as mais curvas e mais antigas,
colectam as águas dos cumes e dos barrancos da encosta meridional. As mais
compridas destinam-se a trazer as águas da encosta norte para as regiões mais
povoadas e mais cultivadas do Sul da ilha. Estas levadas são o resultado de
trabalhos de grande envergadura. As duas levadas do Rabaçal, que permitem regar
todo o Sudoeste da Madeira com as águas da bacia de recepção da Ribeira da
Janela, foram construídas de 1835 a 1890; a maior tem uns 24 km de
comprimento.»
Orlando Ribeiro, A Ilha da Madeira até meados do século XX - estudo geográfico (1949), 2ª ed., Instituto de Cultura e Língua Portuguesa, Lisboa, 1985, pp. 63-66.
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