fotografia: filipe sousa | julho 2003 |
Foram os turcos e os portugueses que ajudaram ao declínio da Sereníssima. A lembrar os seus tempos áureos, todos os anos, no primeiro Domingo de Setembro, Veneza veste-se a preceito para ver passar a Regata Storica na "passadeira vermelha" do Grande Canal, «a mais esplêndida rua do mundo». No último fim-de-semana, cumpriu-se a tradição, apesar da pandemia.
«Nada na Terra é mais grandioso que o Grande Canal e as duas esplêndidas curvas com que atravessa a cidade, pleno de barcos que se acotovelam e rodeado de antigos palácios altaneiros que formam a sua guarda de honra (...).»
Jan Morris, Veneza (Venice, 1960), Edições Tinta-da-China, Lisboa, 2009, pp. 316-317.
«Imagine uma noite de Maio em Veneza no tempo em que casas como esta eram elegantemente novas e o Grande Canal «a mais esplêndida rua do mundo», como o embaixador francês certa vez declarou (com uma generosidade pouco habitual nos seus compatriotas), iluminado pelos palácios sumptuosamente pintados e incrustados de ouro, sulcado por brilhantes e esbeltas gôndolas de todas as cores - vermelho, azul, amarelo, turquesa, até preto - com os bancos forrados a couro debruados com as mais finas rendas de bilros. Mesmo assim, apesar das silhuetas cheias de curvas dos flamejantes palazzi góticos, dos mercados flutuantes, das frotas de galés e das grandes igrejas encimadas por cúpulas, nesta noite particular Veneza já não estava no auge do seu esplendor. Desde que os Turcos tinham tomado Constantinopla, quase um século antes, sentia o seu poder e a sua riqueza declinarem. Vasco da Gama tornara tudo ainda pior ao descobrir um caminho para Oriente à volta de África. O mundo deixava de lhe pertencer - um momento delicioso na história de qualquer cidade, não acha?»
Robert Dessaix, Cartas de Veneza (Night Letters, 1996), trad. Mário Dias Correia, Gótica, Lisboa, 2002, p. 122.
Jan Morris, Veneza (Venice, 1960), Edições Tinta-da-China, Lisboa, 2009, pp. 316-317.
«Imagine uma noite de Maio em Veneza no tempo em que casas como esta eram elegantemente novas e o Grande Canal «a mais esplêndida rua do mundo», como o embaixador francês certa vez declarou (com uma generosidade pouco habitual nos seus compatriotas), iluminado pelos palácios sumptuosamente pintados e incrustados de ouro, sulcado por brilhantes e esbeltas gôndolas de todas as cores - vermelho, azul, amarelo, turquesa, até preto - com os bancos forrados a couro debruados com as mais finas rendas de bilros. Mesmo assim, apesar das silhuetas cheias de curvas dos flamejantes palazzi góticos, dos mercados flutuantes, das frotas de galés e das grandes igrejas encimadas por cúpulas, nesta noite particular Veneza já não estava no auge do seu esplendor. Desde que os Turcos tinham tomado Constantinopla, quase um século antes, sentia o seu poder e a sua riqueza declinarem. Vasco da Gama tornara tudo ainda pior ao descobrir um caminho para Oriente à volta de África. O mundo deixava de lhe pertencer - um momento delicioso na história de qualquer cidade, não acha?»
Robert Dessaix, Cartas de Veneza (Night Letters, 1996), trad. Mário Dias Correia, Gótica, Lisboa, 2002, p. 122.
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