Αιγαίο Πέλαγος, Θερμαϊκός Κόλπος / Mar Egeu, Golfo Termaico

fotografia: filipe sousa | 14 junho 2023

 

















Dia 2 - Mar Egeu, ao largo do golfo Termaico
O meu baptismo nos mares da Grécia aconteceu quando Poseidon me convenceu a subir a bordo de um trirreme fundeado no porto de Tessalónica, comandado pelo próprio deus dos mares. Com a promessa de cerveja gelada na amurada, mar azul, céu luminoso e uma Ítaca perdida no horizonte. Já ao largo do golfo Termaico, brindámos à minha iniciação, ao concretizar de um sonho antigo, Ele empunhando o seu tridente e eu a minha cerveja bem alto. Foi então que Ele me falou de alguém do meu país, uma tal de Sophia, que amava a Grécia como poucos mortais e conhecia a linguagem dos deuses. E com a omnisciência que O caracteriza, traduziu-me assim a felicidade da poetisa quando também ela sulcou os Seus mares pela primeira vez, há precisamente sessenta anos, uma vírgula de tempo para um Deus:

«11 de Setembro de 1963

Manhã maravilhosa. Acordo antes das 8 e às 9 já estou no deck. Vejo aparecer a ilha de Leukos. Vou para a proa e sento-me num monte de cabos. Manhã deslumbrante. O mar azul, o céu azul, a ilha azul. Azul escuro do mar, azul claro do céu, azul enovoado da ilha. A água coberta de brilhos. Passam golfinhos rente ao navio. Na água, em contra-luz, aparece um arco-íris.
Sem ti deslizo no brilho do mar grego
Sem ti vejo metade do que vejo
Sem ti o sono é breve e o dia mutilado
Como as colunas do templo
Belo mas dos deuses separado.»

Sophia de Mello Breyner Andersen, Fragmentos do diário manuscrito na primeira viagem à Grécia em 1963.

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