Θεσσαλονίκη / Tessalónica, Άνω Πόλη / Ano Poli

fotografia: filipe sousa | 15 junho 2023

 

















Dia 3 - Tessalónica
Debaixo de viadutos ou entre prédios modernos, as ruínas do passado despontam como cogumelos em Tessalónica, marcando a fisionomia da cidade. Umas mais preservadas do que outras, mas todas importantes para a história do lugar, revelam o que foram torres, muralhas, arcos, anfiteatros, igrejas, oratórios… Dos períodos micénico, helenístico, romano, bizantino e otomano, mas também de tempos recentes como as casas devolutas, dos séculos XIX-XX, da cidadela de Ano Poli, onde Tessalónica teve início. É este o local ideal, a partir do mirante do convento bizantino de Vlatadon, para descobrir a beleza oculta da cidade, feita de amálgamas e vicissitudes, de construções e reconstruções, de antigo e moderno, de ordem e desleixo, de mundos tão diversos que, longe de destoarem, lhe conferem uma aura especial. Como já notara Lawrence Durrell, um incondicional amante do mundo helénico, «a Grécia é um jardim selvagem onde tudo cai em ruínas, violenta, vertical e blasfema…mas não domada».
Algo a que também foi sensível o nosso Eugénio de Andrade quando por aqui passou.

«Parco de haveres, nascido em terras onde a luz à noite era de azeite e o pão tinha a cor das pedras, todo o excesso me parece uma falta de gosto, todo o luxo uma falta de generosidade. Dito isto, não poderá estranhar-se que me sinta tão religado ao solo pobre e arcaico da Grécia e à fecunda harmonia da sua cultura: o mar de Homero entre as colunas de Súnion, as ruas de Salónica com os muros acabados de caiar, a sombra luminosa dos degraus de Epidauro, onde ressoam ainda os versos supremos de Esquilo, têm para mim um prestígio que nenhum parque de Londres, ou praça de Paris, ou avenida de Nova York poderão alcançar a meus olhos.»

Eugénio de Andrade, À Sombra da Memória, Fundação Eugénio de Andrade, Porto, 1993, p. 130.

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