Dublin, Hanover Quay 16

fotografia: filipe sousa | 5 fevereiro 2022

 


















Prestes a despedir-me de Dublin, abro caminho ao longo do Hanover Quay, no Grand Canal, deixando para trás o edifício da Google e a velha fábrica de bicicletas Raleigh, transformada na sede europeia da Airbnb. Apesar da densidade do edificado, continuam a florescer novos projectos imobiliários no recém-baptizado Innovation District. O capitalismo no seu esplendor. Dos armazéns originais do século XVIII, resistem a residência de Mr. e Mrs. Cicero e os estúdios originais dos U2 (nº 16).

«Cicero (...) mora nas docas, na margem sul do rio, junto à foz do Grand Canal - se é que os canais têm foz -, num antigo armazém de cereais do século XVIII que ele e Mrs. Cicero transformaram numa das residências mais espantosas da cidade. É paredes-meias com o estúdio de gravação dos U2, que ele vendeu à banda; quando o ruído se torna demasiado ensurdecedor, explica-me, bate com o sapato na parede para os avisar de que têm de baixar o som.»

Jonh Banville, Retalhos do tempo - Um Memorial de Dublin (Time Pieces - A Dublin Memoir, 2016), trad. Paulo Faria, Relógio d'Água Editores, Lisboa 2017, p. 126.

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