Reykjavík / Reiquejavique, Skólavörðustígur

fotografia: filipe sousa | 21 novembro 2022

 

















Reykjavíq. À letra, baía fumarenta. Cidade pequena e pacata, que se descobre numa manhã. As ruas são estreitas e amigas de peões e ciclistas. As casas irradiam alegria, com a paleta de cores do arco-íris. As mais belas são revestidas de madeira e painel sandwich. A felicidade anda no ar. O mar é presença de sempre, assim como o vento gelado. Até onde a vista alcança, para lá do golfo de Faxa, ergue-se a barreira do Snaefellness, a cratera vulcânica escolhida por Júlio Verne como entrada para o Centro da Terra. A nossa viagem é, porém, outra. Ou talvez não. Com o ocaso às 16 horas, resta-nos uma hora de claridade para os encantos da costa ocidental. Entre Reykjavíq e o próximo destino, no norte da ilha, distam uns bons quatrocentos quilómetros. Já estivemos mais longe do Círculo Polar Ártico.

«Perder-se uma pessoa nas ruas de Reiquejavique não é coisa fácil, por isso não fui obrigado a perguntar o caminho, o que em linguagem de gestos pode provocar muitos equívocos.
A cidade estende-se por um solo baixo e pantanoso, entre duas colinas. De um lado, uma massa de lavas desce em declive suave até ao mar. Do outro, abre-se a vasta baía de Faxa, limitada a norte pelo enorme glaciar do Sneffels, onde apenas a Valkyrie se encontrava ancorada no momento. 
(...)
Das duas ruas de Reiquejavique, a maior é paralela ao mar; moram aí os mercadores e os comerciantes, em cabanas de madeira feitas de vigas pintadas de vermelho, dispostas horizontalmente. A outra rua, mais para oeste, dirige-se para uma lagoa, e é ladeada pela casa do bispo e de outras pessoas não relacionadas com o comércio.
(...)
Em três horas visitei não só a cidade mas também os arredores. O aspecto geral era extraordinariamente triste. Sem árvores, sem vegetação, por assim dizer. Por toda a parte as arestas vivas das rochas vulcânicas.»

Jules (Júlio) Verne, Viagem ao centro da Terra (Voyage au centre de la Terre, 1864), trad. Lídia Jorge, Publicações Europa-América, Mem Martins, 2008, pp. 54-55.

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