Puxa uma cadeira e senta-te no chão.
Do chão, olha a cadeira:
pernas - assento - espaldar.
Olha, depois:
As pernas - sem o assento, sem o espaldar.
O assento - sem o espaldar, sem as pernas.
O espaldar - sem as pernas, sem o assento.
Depois:
As pernas com o assento - sem o espaldar.
O assento com o espaldar - sem as pernas.
O espaldar com as pernas - sem o assento.
Depois:
As pernas - sem o assento - com o espaldar.
O assento - sem o espaldar - com as pernas.
O espaldar - sem as pernas - com o assento.
Depois:
As pernas com o assento, com o espaldar.
O assento com o espaldar, com as pernas.
O espaldar com as pernas, com o assento.
Depois:
As pernas - sem as pernas, sem o assento, sem o espaldar.
Etc.
Por fim (ou recomeço)
levanta-te e diz, com os botões que te restarem:
-É A CADEIRA.
Alexandre O'Neill, Poesias Completas (A Saca de Orelhas, 1975), 3ª ed., Assírio & Alvim, Lisboa, 2002, p. 393.
fotografia: filipe sousa | setembro 1998 |
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