Marcel Proust, Em Busca do Tempo Perdido - A Fugitiva (Albertine Desaparecida) (À la Recherche du Temps Perdu - La Fugitive (Albertine disparue), 1925), trad. Pedro Tamen, Relógio d'Água, Lisboa, 2004, p. 218.
«E a gôndola atraca. Mastros pintados de vermelho e branco, à beira d'água. Palácios que são hotéis. Hotéis que estão cheios de flores. A janela sobre as águas. Os canais que se fundem uns nos outros e mudam de nome...Gôndolas e vaporetti que partem para o Lido cosmopolita, para Murano, paraíso do vidro...
Ao lado, a Piazzeta, com o palácio dos Doges, soleníssimo, - a Biblioteca e a Casa da Moeda, que imortalizam Sansovino. As colunas com o leão e São Teodoro. E logo a praça, onde a Basílica de São Marcos fulgura, com seus zimbórios, como um prato de ouro com opulentos frutos exóticos. (...)
Do alto do Campanile, veremos a cidade líquida - Veneza reclinada em almofadas d'água, com os cabelos d'água descendo até os pés, e as rendeiras a tecerem vestidos d'água, e os vidros soprados d'água como bolhas de cristal, búzios, sereias...».
Cecília Meireles, «Cidade líquida» in Crônicas de viagem 2 (1953), reimpr. Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1999, pp. 80, 82.
aguarela: filipe sousa | julho 2003 |
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