Taarart

Avistámos Taarart, empoleirada numa suave colina, uma hora depois de deixarmos a vizinha aldeia de Massou. Mais abaixo, um bando de crianças jogava futebol num descampado verde, na zona mais plana do vale. Até darem por nós. A partir daí não mais nos largaram. Uma delas, que falava francês, convidou-nos a entrar na aldeia, onde nos esperavam os olhares curiosos dos adultos residentes: os homens bem expostos, em primeiro plano; as poucas mulheres, meio escondidas, atrás. Acabámos na venda do sítio, que se revelou acanhada para receber a gaiatada eufórica. Oferecemos uma rodada do que havia para beber: Coca-Cola, a «implacável coca-cola», que, como refere Orlando Ribeiro, no seu Mediterrâneo, «entra em todos os ambientes onde, por motivos religiosos, se proíbe ou dificulta o consumo de bebidas alcoólicas».

Filipe Sousa, Alto Atlas Oriental: no coração de Marrocos (diário de viagem), 1993.

fotografia: filipe sousa | dezembro 1993 

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