fotografia: filipe sousa | 20 setembro 2021 |
«Nenhum meio de transporte inspira uma observação mais pormenorizada do que o comboio ferroviário. Não há literatura da viagem aérea, nem grande coisa sobre as jornadas de autocarro, e os navios de cruzeiro inspiram observação social mas pouco mais. O comboio é útil porque uma pessoa que goste pode escrever (bem como dormir e comer) num comboio. A viagem calmante e sem tensão deixa profundas impressões da paisagem que passa e do próprio comboio. As viagens de avião são todas iguais; as jornadas ferroviárias são todas diferentes. O viajante ferroviário é frequentemente sociável, conversador, até liberto. Talvez seja por isso que pode andar por aí. Essa pessoa, esse estado de espírito, é aquilo a que os psicólogos chamam «solto» - esses estranhos são os melhores conversadores e os melhores ouvintes.»
Paul Theroux, A Arte da Viagem (The Tao of Travel, 2011), trad. José António Freitas e Silva, Quetzal Editores, Lisboa, 2021, p. 21.
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