fotografia: filipe sousa | 6 setembro 2021 |
«-Podemos obter um apartamento em Madrid, naquela rua ao lado do Parque
del Buen Retiro. Eu conheço uma americana que alugava apartamentos lá, antes do
movimento, e sei como hei-de encontrar um apartamento assim pelo preço de antes
do movimento. Há uns que ficam em frente do parque, e vê-se o parque todo pela
janela; a grade de ferro, os jardins, as alamedas com passeios de saibro bem
cuidado, as ervas dos canteiros, que ladeiam os passeios, e as árvores que dão
profundas sombras e todas as fontes. Os castanheiros devem estar agora em flor.
Em Madrid poderemos passear no parque e remar no lago se já estiver outra vez
com água.
-E porque não há-de ter água?
-Secaram-no em Novembro por se ter tornado um ponto de referência para os bombardeamentos aéreos. Julgo que já deve estar agora cheio de água, mas não tenho a certeza. Mas mesmo que não esteja podemos passear no parque para além do lago. Há nele um trecho que é uma verdadeira floresta com árvores de todos os países do Mundo: têm o nome escrito em tabuletas que dizem que árvores são e de que país vêm.
-Gostaria muito de ir ao cinema – disse Maria. -Mas as árvores devem ser interessantes e fixá-las-ei todas contigo se for capaz de me lembrar.
-Não estão ali como num museu. Crescem naturalmente, e há colinas no parque e um pedaço que parece uma floresta virgem.»
-E porque não há-de ter água?
-Secaram-no em Novembro por se ter tornado um ponto de referência para os bombardeamentos aéreos. Julgo que já deve estar agora cheio de água, mas não tenho a certeza. Mas mesmo que não esteja podemos passear no parque para além do lago. Há nele um trecho que é uma verdadeira floresta com árvores de todos os países do Mundo: têm o nome escrito em tabuletas que dizem que árvores são e de que país vêm.
-Gostaria muito de ir ao cinema – disse Maria. -Mas as árvores devem ser interessantes e fixá-las-ei todas contigo se for capaz de me lembrar.
-Não estão ali como num museu. Crescem naturalmente, e há colinas no parque e um pedaço que parece uma floresta virgem.»
Ernest Hemingway, Por quem os
sinos dobram (For whom the bell tolls,
1940) trad. Monteiro Lobato, edição Livros do Brasil, Lisboa, 1955, pp. 331-332.
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