fotografia: filipe sousa | 12 março 2020 |
Crêem os de Argamasilla de Alba que foi na Cueva de Medrano que Cervantes deu início às aventuras de D. Quixote de la Mancha. Foi neste calabouço que terá estado encerrado, pensa-se que por cortejo à irmã do senhor local, o fidalgo demente Rodrigo de Pacheco, considerado o modelo do «cavaleiro da triste figura», ou por desvio de dinheiros, que Cervantes era então cobrador de impostos.
«Ocioso leitor: sem que eu jure, poderás acreditar que este livro, como filho da inteligência, fosse o mais formoso, o mais airoso e mais sensato que se possa imaginar. Mas não pude contrariar a ordem da natureza, que nela cada coisa engendra uma sua semelhante. E assim - que poderia engendrar o meu estéril e mal cultivado engenho senão a história de um filho seco, encarquilhado, caprichoso e cheio de pensamentos inconstantes e nunca imaginados por outrem, como quem foi engendrado numa prisão onde todos os tormentos encontram o seu lugar e onde todo o triste ruído faz a sua habitação?»
Miguel de Cervantes, O Engenhoso Fidalgo D. Quixote de la Mancha (El Ingenioso Hidalgo Don Quixote de la Mancha, 1605), trad. José Bento, Relógio d'Água Editores, 2005, prólogo, p. 19.
Miguel de Cervantes, O Engenhoso Fidalgo D. Quixote de la Mancha (El Ingenioso Hidalgo Don Quixote de la Mancha, 1605), trad. José Bento, Relógio d'Água Editores, 2005, prólogo, p. 19.
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