Campo de Criptana, Calle Cuesta Virgen de la Paz

fotografia: filipe sousa | 9 março 2020







































Cruzando as planuras de Campo de Criptana, em plena Castilla-la Mancha, ao encontro dos moinhos das aventuras de D. Quixote.

«Nisto, avistaram trinta ou quarenta moinhos de vento que há naquele campo, e logo que D. Quixote os viu, disse ao escudeiro:
-A boa sorte guia as nossas coisas melhor do que poderíamos desejar; porque vês além, amigo Sancho Pança, onde se avistam trinta ou pouco mais descomunais gigantes, com que tenciono travar batalha e tirar a vida a todos, com cujos despojos começaremos a enriquecer; pois esta é uma guerra justa e um grande serviço a Deus tirar tão má semente da face da Terra.
-Que gigantes? - disse Sancho Pança.
-Aqueles que ali vês - respondeu o amo - de braços compridos, que alguns costumam ter braços de quase duas léguas.
-Olhe vossa mercê - respondeu Sancho - que aqueles que além se vêem não são gigantes, mas moinhos de vento, e o que neles parecem braços são as velas que, andando à volta com o vento, fazem girar a pedra do moinho.
-Bem se vê - respondeu D. Quixote - que não tens experiência de aventuras: eles são gigantes; e, se tens medo, sai daí e põe-te a rezar enquanto vou atacá-los numa feroz e arriscada batalha.»

Miguel de Cervantes, O Engenhoso Fidalgo D. Quixote de la Mancha (El Ingenioso Hidalgo Don Quixote de la Mancha, 1605), trad. José Bento, Relógio d'Água Editores, 2005, parte I, cap. VIII, p. 74. 

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