fotografia: filipe sousa | 23 dezembro 2022 |
Olhos de Água
Ilhas Desertas (no horizonte)
fotografia: filipe sousa | 18 setembro 2022 |
«Um só livro
É claro que a leitura de Ficções não dispensa Cervantes, Sterne, Flaubert, Joyce, Nabokov. Mas, perante o desafio (a ameaça?) da ilha deserta, cabe aliviar a bagagem e levar apenas o essencial. Acresce que o exercício é um absoluto relativo, uma espécie de suplício intolerável que se impõe a um leitor: um livro? Só um livro? Convém escolher o que melhor engane a fome de outras leituras, recordando-se todas e em todas buscando a memória de uma outra vida. (...)
Lagoa de Albufeira
fotografia: filipe sousa | 23 dezembro 2022 |
*Conhecida também por Lagoa d’el-Rei, por ser o retiro predilecto de D. Pedro V, onde vinha pescar e caçar coelhos, maçaricos e patos. Ramalho Ortigão dá disso nota nas Praias de Portugal, assim como o episódio de ter fisgado um polvo na Lagoa com uma navalha americana oferecida pelo amigo Eça de Queiroz.
«Um belo passeio de cerca de três léguas pela charneca até à Lagoa de El-Rei, o retiro predilecto de D. Pedro V. O pequeno e modesto prédio da casa real, de um só pavimento ao rés-do-chão, fica à beira do lago, na solidão da charneca. A paisagem é de uma grande melancolia simpática, de um encanto profundamente penetrante. A água tranquila da grande lagoa, o áspero aspecto da charneca, a grande solidão, a planície, o profundo silêncio, infundem uma pacificação e um sentimento de serenidade inefável. A lagoa é muito povoada, mas a pesca é proibida sem licença expressa do indivíduo que a arremata em cada ano. Não obstante, o autor destas linhas na última vez que ali foi apoderou-se de um polvo, fisgando-o contra uma rocha com uma navalha americana que o seu amigo Eça de Queiroz lhe mandou de presente das margens do Niagara. Fundámos o nosso direito a este polvo na circunstância de que a rocha não é água mas sim terra firme. Em todo o caso aproveitamos esta ocasião para desencarregarmos a consciência pedindo humildemente perdão a sua excelência o arrematante da lagoa e a sua majestade o proprietário dela. Estamos prontos a dar outro polvo, se a coroa assim o exigir. Os contornos do lago são habitados por óptimos coelhos, magros, mas de um especial sabor salgado e bravio. O sr. D. Pedro V matava-os na carreira, à bala, com notável perícia. A caça não tem arrematante e é permitida ao público. Além dos coelhos, que são abundantes, há maçaricos, patos e outras aves marinhas.»
Ramalho Ortigão, As praias de Portugal - guia do banhista e do viajante (1ª ed. 1876), Frenesi, Lisboa, 2001, pp. 151-152.
Avignon / Avinhão, Rue du Limas 49
fotografia: filipe sousa | 19 outubro 2022 |
Sligeach / Sligo
fotografia: filipe sousa | 2 dezembro 2022 |
De Sligo a Dublin. A Irlanda de costa a costa. Na companhia de W. B. Yeats (1865-1939), um dos mais importantes poetas irlandeses, que viveu nas duas cidades. E como não há ilhas sem mares, nem mares sem sereias...
A mermaid found a swimming lad,
Picked him for her own,
Pressed her body to his body,
Laughed; and plunging down
Forgot in cruel happiness
That even lovers drown.
W. B. Yeats, "A Man Young And Old: III. The Mermaid.", The Tower. New York, Macmillan, 1928.
Cora Droma Rúisk / Carrick-on-Shannon
fotografia: filipe sousa | 2 dezembro 2022 |
I will turn back to youth again,
Tis fun sunlight, though passed
the noon,
And if we haste we may lie down,
Before sunset in Carrick town.
I beside the rushy Shannon cry.
There are no children on the store,
The singing voices sing no more,
The sea draws all the rivers down,
And love has sailed from
Carrick town.
Poet, satirist, journalist, mystic, nationalist and agri campaigner of the Irish Renaissance
Born in Carrick-on-Shannon 1866
Died in Dublin 1926
Cruachan / Tulsk
fotografia: filipe sousa | 1 dezembro 2022 |
Hjaltadalur
fotografia: filipe sousa | 23 novembro 2022 |
(...)
Na floresta, o tempo que uma árvore caída leva até se decompor inteiramente é mais ou menos idêntico aos anos que teve de vida. Se as sociedades pudessem aprender a viver a esse ritmo não haveria penúria, nem extinções. Teríamos riachos límpidos, e os salmões regressariam sempre para a desova.
(...)
Hólar
fotografia: filipe sousa | 23 novembro 2022 |
Talvez esse monte não seja, num sentido estrito, mais do que uma obra da natureza, talvez tenha sido obra de lavradores há muito falecidos que construíram aqui as suas quintas nas margens verdejantes do riacho, geração após geração, umas por cima das ruínas das outras. Ainda hoje continua a existir um curral para cordeiros, ali, onde há séculos atrás se ouviram ovelhas e crias a balir durante cem primaveras. Afastados do monte e do curral, especialmente para sul, estão espalhados prados amplos com ilhotas de urze, e através do espinhaço de Randsmyri corre um pequeno riacho e outro do lago para leste, pelos vales da charneca oriental. A norte do monte eleva-se uma montanha íngreme, as suas encostas estão marcadas por derrocadas e nas fendas existem relevos cobertos de urze. Das derrocadas erguem-se imponentes rochas escarpadas, e num certo lugar por cima do curral a montanha está rachada, tem uma fenda no basalto, e desta irrompe na Primavera uma cascata comprida e fina. E às vezes o vento do sul sopra na cascata, pulveriza a água para cima da borda da montanha e parece que a queda de água corre para trás. Debaixo da montanha estão pedregulhos espalhados por todo o lado.»
Ísland / Islândia
fotografia: filipe sousa | 23 novembro 2022 |
«O vento torna-se transparente, a neve que voava em rajadas instala-se sobre a terra e torna-se um manto de silêncio: acima, o céu negro e o cintilar de estrelas tão antigas como o tempo.»
Jón Kalman Stefánsson, A tristeza dos anjos (Harmur englanna, 2009), trad. João Reis, Cavalo de Ferro, Lisboa, 2014, p. 54.
«Via os vales profundos cruzarem-se em todos os sentidos, os precipícios abrirem-se como poços, os lagos transformarem-se em charcos, os rios tornarem-se regatos. À minha direita sucedia-se uma infinidade de glaciares e os picos multiplicavam-se, alguns deles enfeitados de leves fumos. A ondulação destas montanhas sem fim, a que as camadas de neve davam uma aparência de espuma, lembravam a superfície de um mar agitado. Se me virava para oriente, era o oceano majestoso como continuação dos cimos encapelados. Mal se percebia onde acabava a terra e começava o mar.»
Jules (Júlio) Verne, Viagem ao centro da Terra (Voyage au centre de la Terre, 1864), trad. Lídia Jorge, Publicações Europa-América, Mem Martins, 2008, p. 91.
Reykjavík / Reiquejavique, Skólavörðustígur
fotografia: filipe sousa | 21 novembro 2022 |
A cidade estende-se por um solo baixo e pantanoso, entre duas colinas. De um lado, uma massa de lavas desce em declive suave até ao mar. Do outro, abre-se a vasta baía de Faxa, limitada a norte pelo enorme glaciar do Sneffels, onde apenas a Valkyrie se encontrava ancorada no momento.
(...)
Das duas ruas de Reiquejavique, a maior é paralela ao mar; moram aí os mercadores e os comerciantes, em cabanas de madeira feitas de vigas pintadas de vermelho, dispostas horizontalmente. A outra rua, mais para oeste, dirige-se para uma lagoa, e é ladeada pela casa do bispo e de outras pessoas não relacionadas com o comércio.
(...)
Em três horas visitei não só a cidade mas também os arredores. O aspecto geral era extraordinariamente triste. Sem árvores, sem vegetação, por assim dizer. Por toda a parte as arestas vivas das rochas vulcânicas.»
Jules (Júlio) Verne, Viagem ao centro da Terra (Voyage au centre de la Terre, 1864), trad. Lídia Jorge, Publicações Europa-América, Mem Martins, 2008, pp. 54-55.
Keflavík
fotografia: filipe sousa | 21 novembro 2022 |
«Prólogo
Deixemos algo bem claro antes de avançarmos e nos
embrenharmos no que não compreendemos, no que não toleramos mas desejamos,
naquilo que tememos e em simultâneo esperamos alcançar, e é importante
clarificarmos isto para termos alguma coisa a que nos agarrar: estamos em
Keflavík. Uma vila idiossincrática e remota, com poucos milhares de habitantes,
um porto vazio, desemprego, stands de automóveis, carrinhas de comida de rua,
uma povoação tão plana que, vista do céu, mais se assemelha a um mar estático.
Em manhãs serenas, o Sol nasce como uma erupção vulcânica silenciosa. Vemo-lo
quando o seu fogo surge atrás das montanhas distantes, como se algo gigantesco
se erguesse das profundezas. É uma força capaz de içar o céu e alterar tudo,
vemo-la quando a noite escura dá lugar ao fogo. Depois o Sol ergue-se. Ao
início, como uma erupção vulcânica que varre as estrelas no céu, esses cães
amistosos, e ascende majestosamente acima da península de Reykjanes. O Sol
ergue-se devagar, e nós estamos vivos.»
Jón Kalman Stefánsson, Aproximadamente do tamanho do universo (Eitthvaó á stoeró vió alheiminn, 2013), trad. João Reis, Cavalo de Ferro, Lisboa, 2020, p. 9.
Ísland / Islândia
fotografia: filipe sousa | 21 novembro 2022 |
Debrucei-me sobre o mapa.
-Vê aqui esta ilha composta de vulcões - disse o professor - e repara que têm todos o nome de Jökull. Esta palavra quer dizer «glaciar» em islandês, e dada a elevada latitude da Islândia, a maior parte das erupções produzem-se através das camadas de gelo. Donde a denominação de Jökull aplicada a todos os montes ignívomos da ilha.»
Jules (Júlio) Verne, Viagem ao centro da Terra (Voyage au centre de la Terre, 1864), trad. Lídia Jorge, Publicações Europa-América, Mem Martins, 2008, p. 32.
Manchester
fotografia: filipe sousa | 20 novembro 2022 |
O paralelismo cronológico é sobejamente conhecido, mas vem a propósito evocá-lo. O planeta Terra tem 4,6 milhares de milhões de anos. Se passarmos esse vasto espaço de tempo a uma mais reduzida e manejável escala de 46 anos, o aparecimento do homem moderno corresponderá às últimas quatro horas. E a Revolução Industrial ter-se-á iniciado há um minuto, tempo ínfimo mas decisivo no curso da humanidade, pelas melhores e piores razões. Nada será como antes, bem pode dizer-se, com consequências de ordem social, económica, política, tecnológica e ambiental. Até chegarmos onde estamos hoje: bem perto do ponto de ruptura, ou de não retorno, se é que não o atingimos já! A contagem desses últimos sessenta segundos de tempo biológico começa justamente na cidade que tenho diante de mim. Manchester, o expoente máximo da primeira Revolução Industrial, laboratório do que viria a ser o capitalismo e o socialismo, berço do Partido Trabalhista. Assuntos a que espero voltar um dia quando vier com tempo para conhecer a cidade, o que subsiste da sua herança industrial, incluindo visitas aos Museus da Indústria e da História do Povo. Podia falar ainda do Museu Nacional de Futebol, que Manchester também acolhe, mas não me apetece de todo falar de futebol por estes dias, vá-se lá saber porquê! No entanto, sempre direi que a sorte dos migrantes que sacrificaram a vida ou que foram vítimas de exploração laboral durante a construção dos estádios no Catar não difere muito da dos operários dos complexos fabris da Revolução Industrial, há mais de duzentos anos!
Mas afinal, que faço eu em Manchester? Sou apenas um passageiro em fuga, com vontade de rumar ainda mais a norte, à procura de um lugar na Terra poupado às notícias do futebol e do Campeonato do Mundo e, mais importante, a salvo de injustiças. Haverá esse lugar?
«O rugido dos motores aumenta constantemente, e o avião traça uma rota através de campo aberto. Por esta altura, já deveríamos ter podido ver a massa espalhada de Manchester, mas não se via senão um leve vislumbre, como se surgisse de um incêndio quase sufocada em cinzas. Um manto de nevoeiro, erguido das planícies pantanosas que chegavam até ao mar da Irlanda, tinha coberto a cidade, uma cidade espalhada por mil quilómetros quadrados, construída de inúmeros tijolos e habitada por milhões de almas, vivas e mortas.»
H. G. Sebald, Os Emigrantes (The Emigrants, 1992), Quetzal Editores, Lisboa, 2013, p. 108.
Berlin / Berlim
fotografia: filipe sousa | 25 janeiro 2020 |
«Não saber orientar-se numa cidade - talvez seja desinteressante e banal. Requer ignorância - nada mais. Mas perdermo-nos numa cidade - como nos perdemos numa floresta -, isso já exige uma formação muito diferente. As placas e os nomes de ruas, os transeuntes, telhados, quiosques ou tabernas têm de falar a quem anda por ali às voltas como um galho a estalar na floresta debaixo dos seus pés, como o grito medonho de um abetouro vindo de longe, como o silêncio súbito de uma clareira em cujo centro desabrocha um lírio.»
Walter Benjamim, Crónica Berlinense (Berliner Chronik, 1932), trad. António Sousa Ribeiro, Relógio D'Água Editores, Lisboa, 2021, p. 156.
EN 255-1
fotografia: filipe sousa | 6 novembro 2022 |
(...)
-Cuidado com a curva. Tu e a tua mania de cortar as curvas...»
Avignon / Avinhão, Place du Palais
fotografia: filipe sousa | 19 outubro 2022 |
(...)
Avignon / Avinhão, Île de la Barthelasse
fotografia: filipe sousa | 19 outubro 2022 |
Da ilha de Barthelasse, no Ródano, tem-se a melhor perspectiva da ponte de Saint Bénézet, cortada a meio do rio. Trata-se da famosa ponte d’Avignon celebrada no refrão da canção infantil: “Sur le pont d’Avignon/On y danse, on y danse/Sur le pont d’Avignon,/On y danse, tout en rond”. Porém, numa missa composta no século XVI, não se dançava sobre mas sob a ponte, numa alusão à sua diminuta largura, que não permitia a execução de farândolas nem sarabandas. Quando muito acolhia “os pífaros e os tamborins”, que não precisavam de tanto espaço, tendo as danças lugar junto dos arcos da ponte, nas margens do Ródano, como deixa entrever este trecho do escritor Alphonse Daudet (1840-1897) em:
«Quem não viu Avignon no tempo dos Papas não viu nada. Pela alegria, pela vida, pela animação, pelo ruído das festas, nunca se viu igual. De manhã à noite, sucediam-se as procissões, as peregrinações, as ruas juncadas de flores, atapetadas de grossas alcatifas, as chegadas dos cardeais pelo Ródano, bandeiras ao vento, galeras enfeitadas, os soldados do Papa cantando latim nas praças, as matracas dos irmãos mendicantes; das casas que se comprimiam em volta do grande palácio papal, como abelhas em volta da colmeia, zumbia o rac-rac dos teares de rendas, o vaivém das lançadeiras tecendo o ouro das casulas, os pequenos martelos dos cinzeladores de galhetas, os alaúdeiros ajustando as cordas, os cânticos das tecedeiras; e além de tudo isso, o badalar dos sinos e também os tamborins que se ouviam rufar, lá em baixo, para os lados da ponte. Porque entre nós, quando o povo está contente, é preciso que dance; e como nesse tempo, as ruas da cidade eram demasiado estreitas para a farândola, os pífaros e os tamborins postavam-se sobre a ponte de Avignon, ao vento fresco do Ródano, e, dia e noite, dançava-se, dançava-se...»
Alphonse Daudet, «A mula do Papa» («La mule du Pape», 30 outubro 1868 in Le Figaro) in Cartas do meu moinho (Lettres de mon molin, 1869), trad. Luís Engénio Ferreira, Atlântida, Coimbra, 1959, p. 18.
Roma, Fórum, Atrium Vestae
fotografia: filipe sousa | 25 junho 2016 |
Safara, Rua Doutor Francisco Brito Simões Miranda
fotografia: filipe sousa | agosto 2006 |
Praia da Rocha
fotografia: filipe sousa | agosto 1990 |
Paris, Boulevard Marguerite-de-Rochechouart
fotografia: filipe sousa | 16 fevereiro 2022 |
«Dois anos antes, na minha primeira visita a Paris, eu perdera-me de amores pelo métro. Aquilo transportava uma pessoa pela cidade sem a fúria e o tumulto do metropolitano de Nova Iorque, que parecia estar sempre empenhado numa corrida contra o tempo. No metropolitano uma pessoa tinha a compulsão de olhar para o seu relógio; no métro, uma pessoa em vez disso procurava o DUBO-DUBON-DUBONNET. O cheiro do metropolitano nova-iorquino era o de metal quente misturado com esgotos portuários; o métro exalava um odor característico que se escapava das estações para a rua. Eu nunca cheirara aquela fragrância particular em mais lado algum, e para mim aquilo era um símbolo de Paris. Anos mais tarde, numa droguerie de Tânger descobri um desinfetante que vinha em três perfumes diferentes: Lavande, Citron e Parfum du Métro.»
Paul Bowles, «17 Quai Voltaire» (1931-1932), Viagens - Compilação de Escritos, 1950-1993 (Travels - Collected Writings, 1950-1993), trad. Jorge Pereirinha Pires, Quetzal Editores, Lisboa, 2013, p. 20.
Carrasqueira
fotografia: filipe sousa | 8 gosto 2022 |
José Manuel Fernandes, Maurício de Abreu, O Homem e o Mar - o litoral português, Círculo de Leitores, 1987, p. 140.
Serra da Arrábida
fotografia: filipe sousa | 8 agosto 2022 |
A manhã de ontem surgiu e manteve-se velada, camoniana, durante a travessia da serra: «(…) anda a névoa cega / sobre os montes da Arrábida viçosos, / enquanto a eles a luz do sol não chega.» Depois veio a tarde corroborar Camões e iluminar de vez «essa nesga mediterrânica entre terras e águas atlânticas», Orlando Ribeiro dixit. De facto, ao avistar o areal da Figueirinha a partir do convento franciscano foi como se tivesse visto, por instantes, Palombaggia ou algum paraíso de férias das ilhas gregas, com as suas enseadas escondidas e águas azul-turquesa.
«Com os enrugamentos calcários cavalgantes sobranceiros ao litoral, despenhando-se por escarpas brutais num mar de rara serenidade, franjada de baías luminosas fechadas por promontórios intransponíveis, a Arrábida é o único troço verdadeiramente mediterrâneo da costa portuguesa: tanto pela arquitectura do terreno, dobrado e cortado de grandes deslocações, como pelas águas tépidas, tranquilas e abrigadas, que mais parecem de um mar interior.»
Orlando Ribeiro, Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico (1ª ed. 1945), 5ª ed., Livraria Sá da Costa Editora, Lisboa, 1987, p. 125.
Bordeaux / Bordéus, Quai Richelieu
fotografia: filipe sousa | 21 julho 2022 |