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Entre quem julgo ser e quem eu sou.
Sou a máscara que volve a ser criança,
Mas reconheço, adulto, aonde estou,
Isto não é o Carnaval, nem eu.
Tenho vontade de dormir, e ando.
O que se passa, ondeando, em torno meu,
Passa (...)
Dormir, despir-me deste mundo ultraje,
Como quem despe um dominó roubado.
Despir a alma postiça como a um traje.
(...)
Tenho náusea carnal do meu destino.
Quase me cansa me cansar. E vou,
Anónimo, (...) menino,
Por meu ser fora à busca de quem sou.
Álvaro de Campos, «Carnaval» (1913-1914), Poesia, Obras de Fernando Pessoa, ed. Teresa Rita Lopes, Assírio & Alvim, Lisboa, 2002, pp. 73-74.
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fotografia: filipe sousa | 7 abril 2014 |
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