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«E as bicicletas? O que são para ti as bicicletas, rapaz? As bicicletas que de cabeleira ao vento correm sobre nós de todos os lados tão prontas a uma agressão como a um beijo, as bicicletas loucas que nos sobem pelas costas e ficam horas e horas a rodar no alto da cabeça, as bicicletas que às vezes são usadas como lunetas pelos pobres de espírito? Interessava-me saber o que pensas das bicicletas. Lembras-te, com certeza, dos mendigos fardados que distribuem telegramas, que martirizam as pobres pequenas bicicletas... E nelas, pensas? Acaso te aproximaste já de alguma com verdadeira intenção de a conhecer?»
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Alexandre O'Neill, Poesias Completas (Poemas com Endereço, 1962), 3ª ed., Assírio & Alvim, Lisboa, 2002, p. 186.
fotografia: filipe sousa | agosto 2001 |
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