Nem os turistas têm animo para consultar os seus guias de viagem. Param, maravilhados, diante do Batistério, com os olhos perdidos nessa "Porta do Paraíso" cinzelada por Ghiberti, que descreve, com minúcias de ourivesaria, cenas do antigo Testamento, - desde a história de Adão até o encontro de Salomão com a rainha de Sabá.(...)
O Campanile de Giotto sobe em suas cornijas sucessivas: as artes e obras humanas desfilam diante dos nossos olhos, nos baixos-relevos de Pisano e della Robbia; depois, são janelas, nichos, - a inquietação da altura das torres, com suas pedras tão longe, tão acima da tranquilidade primitiva do chão.(...)
Florença tem o tamanho exato das cidades para sempre amadas: tudo se pode conhecer num dia; e todos os dias haverá, dentro dela, coisas para ver - até ao fim do mundo, que é mais do que o fim da vida.»
Cecília Meireles, «Voz em Florença» in Crônicas de viagem 2 (1953), reimpr. editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1999, p. 76.
fotografia: clara lourenço | 14 dezembro 2010 |
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