Moura, Convento do Carmo

«A partir do seu interesse pela beleza e pela sua posse, Ruskin chegaria a cinco conclusões decisivas. Em primeiro lugar, que a beleza é o resultado de um conjunto complexo de factores, que afectam psicológica e visualmente o espírito. Em segundo lugar, que os seres humanos são portadores de uma tendência inata que os torna sensíveis à beleza e lhes inspira o desejo de a possuírem. Em terceiro lugar, que existem numerosas expressões deste desejo de posse, entre as quais se incluem o desejo de comprar recordações e tapetes, de gravar o próprio nome em colunas e de tirar fotografias. Em quarto lugar, que há só uma maneira de possuir efectivamente a beleza e que essa maneira consiste em compreendê-la, tomando consciência em nós dos factores (psicológicos e visuais) que são responsáveis pelo sentimento que se lhes refere. E, por fim, que o meio mais eficaz de conseguirmos uma tal tomada de consciência é tentarmos descrever os lugares belos através da arte, da escrita ou do desenho, sem perdermos tempo a considerar se acaso teremos um mínimo de talento que justifique fazê-lo.»

Alain de Botton, A Arte de Viajar (The Art of Travel, 2002), trad. Miguel Serras Pereira, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2004, p. 216.


fotografia: filipe sousa | 1 setembro 2015

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